Imagine martin

Oi, sou Martin.

Sou o filho caçula, entre outros 3 irmãos desconhecidos. Minha mãe era viciada em drogas e faleceu assim que eu nasci e meu pai? bom, eu nunca o conheci, nem o seu nome eu sei dizer qual é.
Havia acabado de nascer e para a minha surpresa, já estava sozinho no mundo. Fui levado para um orfanato, passei cerca de 2 anos aos cuidados do instituto, até ser adotado por um casal. Cresci sendo rodiado por muito amor e carinho, eu realmente não me importava pra mais nada, só de ver os sorrisos dos meus supostos pais, bastava pra eu sorrir também.
Aos 13 anos, em uma longa viajem ao Canadá, fomos surpreendidos por um desastre. Um caminhoneiro, supostamente bêbado, bate em meu carro fortemente, fazendo com que tudo girasse rapidamente e em questão de segundos, meus olhos se fecharam.
Ao acordar já no hospital, recebi uma noticia que me fez chorar como se não houvesse o amanhã, meus pais adotivos estavam mortos, e eu como único filho, herdei tudo o que eles possuíam, porem o mais importante eu não iria ter mais, que era o prazer de ter uma família.

Aos cuidados de terceiros, fui encaminhado para uma nova escola.
Eu andava sozinho no intervalo, não havia amigos, e ali estavam, somente eu, e a dor que me dominava. A cada dia que se passava, sentia um vazio dentro de mim, mas ninguém era capacitado pra ver o tamanho do meu sofrimento. Distraído e com turbilhões de pensamentos, eu viajava lentamente a cada musica que se passava em meu fone de ouvido ... até que eu me deparo com uma voz linda, um tom maravilhoso, uma musica que fez rolar lagrimas em meus olhos.
Após o termino da aula, resolvi passar na sala de informática da escola, eu precisava saber quem era aquele artista, qual era o nome da musica e pra minha alegria, eu consegui. A letra da musica parecia ser o encaixe perfeito para a minha historia, e o artista era uma pessoa maravilhosa, porem seu nome, eu não quero dizer.

Era inexplicável a quantidade de vezes que eu ouvia esta mesma musica e como em todas as vezes eu chorava desesperadamente, principalmente nas madrugadas. Foi tão intenso, que eu nem percebi que estava virando fã. Isso mesmo um fã.
Aquele cantor tinha o dom de me fazer sorrir todos os dias, de fazer as suas musicas a trajetória para a minha historia, era inexplicável o amor que eu estava sentindo.

No dia seguinte.

Hora de ir pra escola novamente e como em toda sala, sempre existe aqueles alunos terríveis, bagunceiros, que gosta de causar com todos. Um deles percebeu o quanto eu era quieto, e sempre estava na minha, resolveu me provocar, mas eu nem me importei, estava feliz de mais ouvindo a voz do meu ídolo. Vendo que eu não dava a mínima para o que ele fazia, ele puxou o meu celular com força, o fone se desconectou e a sala inteira pode ouvir qual musica eu estava ouvindo.
Após este dia recebi muitos apelidos, entre eles "gay", o que me doía não era o fato de ser chamado assim por aqueles garotos, mas sim, por ver uma das garotas mais lindas aos meus olhos me chamando daquele jeito, ela não havia noção de como aquele "gay" a amava.

Em casa.

Eu estava realmente muito ofendido com aquela situação, minha cabeça estava a ponto de explodir, eu precisava de algum modo, me refugiar disto. Foi então que eu me deparei na madrugada com as facas em uma gaveta do armário da cozinha, aquilo parecia me fascinar completamente ... não bastou muito para em que questões de segundos, eu estivesse fazendo marcas em meus braços, como modo de me esconder de toda aquele situação constrangedora. A cada gota que caia, é como se fosse retirado um enorme peso das minhas costas. De certo modo um alivio, de outro, uma dor sem fim.

Cada um tem o seu jeito de tentar sair do sofrimento.
 
"Vocês podem até achar estranho, mas eu gosto das minhas cicatrizes. Vocês pode até me achar fraco, talvez eu seja, mas de alguma forma essas marcas no meu corpo me mostram que eu não desisti, que de alguma forma eu ainda estou tentando continuar vivo, eu só não sei por quanto tempo …"
 
Continuação em breve [...]